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Foto do escritorDaniel Conde

IV Meia Maratona de Vila Real 2021 - E esse sub 2, veio ou não veio?

O sol nasceu, é dia de corrida quase à porta de casa. Três anos à espera, mas a Meia Maratona voltou às ruas de Vila Real.


No dia anterior toca a aproveitar a oferta extra de uma garrafa de vinho rosé - aquele que julgas que é só para meninas, e quando vais a ver descuidas-te e apanhas uma narda (vilarealense para "bebedeira mortífera") que até andas de lado. A oferta foi criada para aliciar os corredores a virem levantar o kit de participação no dia anterior à prova e evitar concentrações no próprio dia; bom para quem está perto, menos bom para quem vem de longe, especialmente se a garrafa em si não justifica fazer o dobro da distância ou ficar a pernoitar na zona.


20 minutos de casa a Vila Real: tempo ameno, a ameaçar ser um dia de calor providencial - entalado entre dois dias mais frios e até com chuviscos (rai's ta partam, São Pedro!). Nunca passei tanto tempo a tentar colocar o dorsal, com os dedos a tremer a tentar prender direito as minúsculas seguranças oferecidas pela organização. Estou em crer que na próxima corrida vou finalmente estrear o porta dorsais que comprei na Decathlon (este post não é patrocinado, mas se quiserem oferecer um café, o link para o paypal está aqui no site!).


Tiro de partida, e zarpamos da renovada Avenida Carvalho Araújo; sabem, a renovada Avenida Carvalho Araújo. E já vos falei da renovada Avenida Carvalho Araújo? Foi renovada! (Desculpem, dois anos a levar com discussões sobre a renovação da Avenida Carvalho Araújo custam a extirpar da cabeça...). Hora de fazer piscinas na Avenida Aureliano Barrigas; não, não, não: não estou a sugerir agora fazerem de facto piscinas aí. É que no percurso da Meia Maratona vamos passar uma vez para lá, outra para cá, depois outra para lá de novo, e ainda uma última para cá finalmente.


Regressamos portanto ao ponto de partida, para uma subida curta mas puxada até ao Campo de Futebol do Calvário - nome bem apropriado para a ocasião. Daí ao primeiro abastecimento é um tiro ao plano; uma volta à Nossa Senhora da Conceição, e a temível subida torna-se uma aprazível descida de novo até à zona de partida, cada vez mais a rimar com meta. Aliás, a meta da Mini Maratona é já aí, com os atletas da Meia a fazerem de novo a Aureliano Barrigas, rumo à Timpeira, e ao abastecimento do km 9.


E aqui começam as dificuldades, para já, mentais. Com quase metade da prova feita, passam por ti os líderes da corrida, e começas a aperceber-te o quanto para trás estás. Não vês ninguém à tua frente - e não tenho o hábito de olhar para trás, portanto nem sei quantos desafortunados vão a penar ainda mais do que eu. Mas depois de uma rampa, eis o abastecimento sólido ao km 12... que me deixa na dúvida. Uma barrinha de cereais? Com 9 km a faltar para a meta? Ao invés de algo mais sólido - e que com o calor do dia rapidamente começa a ficar meio derretido - e com fibra, exigindo mais do estômago já para lá da metade da prova, e cuja composição pode ser estranha para vários atletas, porque não ter oferecido algo mais mundano e mais comum na dieta de todos, como uma banana ou mesmo um cubo de marmelada?

Mas o mais estranho nem foi isso: ao km 15 e quase ao 19, lá estava a barra de cereais de novo nos abastecimentos. Se no 12 ainda peguei nela na dúvida - e acabei por não a ingerir nem pouco mais ou menos - nos abastecimentos seguintes nem pus essa hipótese. Foram os dois géis que eu levei comigo de início, e aos quais já estou habituado. Ah, ter encontrado uma bebida energética também teria sido muito mais apetecível...


Mas tive nesta prova de novo o meu arqui inimigo pronto a derrubar-me: o calor. Chegado ao km 15 (o que eu te odeio, km 15...), toca a quebrar. Caminhada, a penosa caminhada, que o corpo te exige enquanto a tua consciência abana a cabeça de tristeza, sabendo muito bem que o sub 2 assim é uma miragem mais irreal que esperar por autarcas trasmontanos com duas boas ideias sobre o papel da ferrovia no território. Depois do último abastecimento, já na Aureliano Barrigas (este nome não me é estranho...), o esforço final, para terminar sempre a correr. E assim foi.


Nem um único atleta daqui em diante. Solidão, daquela que sabe a últimos lugares. Vem a meta, a bendita meta, e um pulo para o renovado chafariz, na renovada Carvalho Ara... caramba, disse "renovada" de novo, não foi?... Sai da minha cabeça, demónio!


Não veio o sub 2, claro está. Começo a desesperar com este objectivo que ao cabo de três tentativas ainda não consegui conquistar, sobretudo depois de um período de treino que me deixara confiante. Mas a corrida tem destas coisas, e já com a cabeça na próxima oportunidade fica apenas a consciência de que, pelo menos enquanto atleta amador, isto é uma luta contigo próprio, e vou conseguir.




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