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UTSA - Ultra Trail da Serra do Alvão 2021 - Antevisão

Dezembro, Trás-os-Montes.


O Reino Maravilhoso despede-se de cada ano com um desafio para todos nas vertentes do maciço do Alvão. O Ultra Trail da Serra do Alvão é uma prova que se apresenta com 3 distâncias competitivas - 15K, 32K, e 55K - e uma caminhada - 15K. Não há desafios impossíveis para ninguém nesta prova.


Uma palavra rápida sobre a minha experiência com o UTSA: participei nos 15K em 2018, e nos 32K em 2019; agora, em 2021, lanço-me para o desafio supremo dos 55K (a minha primeira Ultra!), e tornar-me também então totalista no UTSA. Apesar de poder haver mudanças nos percursos de cada distância, e uma vez que a organização da prova não me facultou os percursos deste ano, vou tentar criar-vos uma antevisão para cada uma, baseada nas minhas experiências nos 15K e 32K, e ainda com recurso ao registo de um atleta que participou nos 55K em 2019.


Usem portanto esta antevisão com cautelas - e caldos de galinha, se estiverem a almoçar ou a jantar.


UTSA - 15K


Partida de Lamas de Olo, chegada à Nossa Senhora da Conceição, em Vila Real. Este ano há partidas em datas diferentes, e os 15K arrancam no dia 5 de Dezembro, domingo.


Eis a altimetria.


Quando fiz esta distância no UTSA era um caloiro nos trails - ainda só ia no meu terceiro trail, depois do Zoelae Trail e do Douro Ultra Trail. Devo dizer que se queres começar no mundo dos trails, ou fazer uma prova curta e acessível, não há melhor que esta prova.


A partida é às 10:00 em Lamas de Olo, aldeia vilarealense localizada acima dos 1000m de altitude, em pleno Alvão. Existe transporte da organização em autocarros desde a Nossa Senhora da Conceição, em Vila Real, mas não esperes pela última para subir a bordo, pois o trajecto ainda leva o seu tempo. Em 2018 o tempo esteve magnífico; mas em 2019, frio e chuva fraca foi tudo o que São Pedro nos jogou em cima, sem apelo nem agravo, portanto muita atenção ao equipamento a levar!


O percurso dos 15K leva-nos a uma volta muito agradável pelos lameiros e baldios à volta de Lamas de Olo, atravessando o rio Olo logo à saída da aldeia. Uma pequena subida em off road - atenção, zona de trilhos estreitos, onde ultrapassar não é tarefa fácil! - só para meter algum desnível positivo, depois vem a separação entre os 15K e as demais provas (se bem que este ano não vão ser feitas em simultâneo), e uma descida até às barragens junto a Lamas de Olo. Mais off road, e sobe-se ao ponto mais alto da prova, nos 1160m de altitude.


E meus amigos, a partir daí é descer, descer, e descer, a um ritmo vertiginoso. Vem um ponto de abastecimento perto do km 9, na orla de um pinhal frio como tudo, e é sempre a ripar até aos arredores de Vila Real, onde se atravessa o rio Cabril, e se tem aquela inclemente subida de volta à Nossa Senhora da Conceição.


Com um D+ desta natureza, bastões de corrida não serão de todo necessários. Hidratação sim, talvez um gel, e não precisas de muito mais no campo da nutrição.


Fica a conhecer o percurso e outras curiosidades sobre os 15K do UTSA no meu vídeo de prova!


Descarrega o ficheiro kml do trajecto de 2018 para poderes ver no Google Earth!

Ultra Trail Serra do Alvão - 15K
.kml
Download KML • 29KB

UTSA - 32K


Este sim foi um grande salto, não para a humanidade, mas para mim. Em 2019 tinham-se passado apenas dois meses sobre o total desaire da minha participação nos 25K do Douro Ultra Trail, e as apostas nunca tinham sido tão altas... Nunca tinha feito uma distância tão longa, fosse em estrada fosse em trail.


A sova que levei no DUT deu-me valiosas lições, e foi finalmente com o UTSA de 2019 que introduzi três coisas que mantenho até hoje: o uso de géis, de cápsulas de sal, e de bastões de trail. E boy, oh boy!, a diferença que fizeram. Já lá iremos...


Primeiro, a altimetria para 2021.


A partida este ano é no dia 4 de Dezembro, às 10:00, em Lamas de Olo. Aplicam-se as mesmas cautelas com os autocarros que mencionei anteriormente!


Até ao ponto de separação lá para o km 2,5, o percurso é igual ao da prova de 15K: suave, suavecito. Aliás, a impressão com que fiquei na minha prova, foi a de um percurso imaculado, com pouca subida, muita zona plana, sempre a rolar sem esforço. Quase sem nos apercebermos, estamos no segundo ponto mais alto da prova, pouco acima dos 1100m de altitude.


Depois disso, é descer, descer, descer passando pela aldeia de Barreiro, até atingirmos de novo o rio Olo - com um pequeno troço técnico no meio, atenção! - que se acompanha durante um trajecto muito aprazível de extensos lameiros. Se tem problemas com molhar as sapatilhas... não vai gostar desta parte, sorry.


Atingimos entretanto Varzigueto, e o ponto alto - não em altitude, mas em beleza e concentração - desta prova: as famosas Fisgas de Ermelo, uma sucessão impetuosa de cascatas, onde o rio Olo se precipita em fúria. Zona contudo com muita pedra escorregadia - apreciar, apreciar, mas sem esquecer que os tombos doem.


Voltamos a Varzigueto, e quase a atingir o km 13 temos o primeiro abastecimento - onde não faltou, para mim pela primeira vez, uma canja fumegante; parecia que até os anjos do céu cantavam enquanto se comia aquela sopa naquele momento...


O percurso continua essencialmente plano, até chegarmos a Fervença, e ao maior desafio dos 32K: a longa subida até ao ponto mais alto da prova, nos 1170m de altitude - 3 km sempre a subir, com um abastecimento líquido quase no início. E foi aqui que tanto uma cápsula de sal, como o uso à descrição de bastões de trail, me fizeram uma diferença brutal nas pernas, sobretudo nos joelhos, podendo acabar este desafio sem uma única cãibra. Abençoadas cápsulas e bastões.


Chegamos aqui à última parte da prova, já que se desce rapidamente por uma calçada entre fragas até Arnal, onde nos espera outro abastecimento - confesso que estava tão molhado e enregelado que por mais que quisesse descansar lá mais um pouco, o vento tornou-o impossível. O caminho agrícola transformado em ribeira mais abaixo foi de longe o ponto mais baixo (em ânimo) para mim. Entre troços ao plano e pequenas subidas, estamos no km 27, e o último abastecimento - aquele no pinhal frio como o nariz de um cão. Vem então uma longa descida até aos arredores de Vila Real, algum plano em estrada e caminho, a subida impiedosa para a Senhora da Conceição, e a meta.


Trail desafiante no cômputo geral, mas ao alcance de qualquer corredor já minimamente experimentado. Aconselho vivamente bastões de corrida, hidratação à descrição, e levar uns géis - e quiçá uma ou outra barrita.


Conheça o percurso, a canja, os lameiros e as Fisgas de Ermelo no meu vídeo de prova!


O percurso do trail de 32K de 2019 disponível em kml aqui.

Ultra Trail Serra do Alvão - 32K
.kml
Download KML • 57KB

UTSA - 55K


A Besta...


Aqui entro em território semi desconhecido; semi, porque boa parte do percurso é partilhado com o de 32K. Mas há muito chão que me é incógnito nas sapatilhas e nas pernas, e basta olhar para a altimetria para pensar uma e outra vez "Mas onde diabo me vim meter"... E a prova ainda nem começou.



Dá para perceber deste diagrama imediatamente duas coisas: o início vai ser brutal, e será necessário navegar aqui com muita, muita cautela. São 10 km de subida contínua, e, olhando para o mapa, isto significa subir desde o troço final do rio Cabril, junto a Vila Real, até ao cume da serra do Alvão, no Alto das Caravelas - 1330m de altitude!!! A segunda coisa, é que ao terminar a distância da prova de 32K, é quando nos aparece à frente a subida de Fervença (subida da EVA?), e numa versão mais hardcore que nos 32K... Portanto a gestão de esforço, sobretudo nas pernas, mais a gestão da nutrição, serão determinantes para sequer terminar esta maluquice inteiro.


A prova arranca às 07:00 da Nossa Senhora da Conceição - a única prova que não arranca de Lamas de Olo. Ainda não nasceu o sol a essas horas - oficialmente nesse dia só nasce às 07:41 - pelo que é obrigatório levar frontal. Uma rápida descida de 1km e estamos a atravessar o pequeno Cabril, e a enfrentar imediatamente esta Besta.


Fazendo uma leitura do terreno no Google Earth, e uma vez que nunca enfrentei este percurso antes, dá ideia que até Borbelinha, ou seja, lá para o km 4, a subida ainda é suave, com alguns planos de permeio, e só a partir daí a subida se torna mais e mais exigente até ao km 9,7 - ou seja, uns 6km de subida forte até ao cume do Alvão, sendo mais rigorosos. Esse é o ponto onde se atinge a crista da serra, e apesar de ainda se subir na verdade mais 70m de altitude, a pendente é mais suave nesse troço final. Ao km 13 saímos da crista, e rumamos a Lamas de Olo.


Uma apetecível descida, e estamos em Lamas de Olo, onde o percurso será ipsis verbis o de 32K - excepção feita apenas entre o abastecimento líquido de Fervença, e o ponto mais alto da prova de 32K. Aqui, uma brutal subida, não muito longa mas com um D+ de fazer chorar gémeos, meniscos e patelas... Veja a descrição dos 32K acima!


Sobre os abastecimentos, a acreditar nos dorsais de 2019, existe abastecimento líquido ao km 8 (abastecimento comum às provas de 15K e 32K perto da aldeia de Relva, já na descida final para Vila Real), e outro no km 12 - Alto das Caravelas. O primeiro abastecimento sólido encontra-se ao km 18 em Lamas de Olo. Estava assinalado um líquido ao km 25, mas isso coincide com a aldeia de Barreiro, e neste que é um troço comum com o de 32K não me lembro de nenhum abastecimento aí (aconteceu um erro parecido nos 15K de 2018, onde um abastecimento líquido muito madrugador assinalado nos dorsais nunca apareceu)... Segue-se abastecimento sólido aos 32K em Varzigueto, aos 35K o líquido já na subida de Fervença, sólido aos 43K em Arnal, e último sólido aos 49K no mesmo local onde se situou o primeiro líquido.


Percurso dos 55K em formato kml aqui.

Ultra Trail Serra do Alvão - 55K
.kml
Download KML • 90KB

E pronto pessoal, espero que esta antevisão vos ajude a preparar melhor para enfrentar a vossa distância no UTSA. Bons treinos para todos, e não se esqueçam de passar também pelo meu canal do YouTube e pela página de Facebook do Corrida à Trasmontana para não perderem outras novidades da corrida!

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