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Anatomia de uma corrida falhada: o que pode correr mal numa prova?

Não há como dourar a pílula: todo o corredor, do amador ao atleta de elite, vai ter dias bons, dias menos bons, e dias em que mais valia ter ficado na cama a ver a erva a crescer do lado de fora da janela.


A minha prestação na 4ª Meia Maratona da Cereja, Alfândega da Fé, foi o exemplo de um desses dias em que não ficamos propriamente orgulhosos de nós próprios. Mas é nas corridas que correm menos bem que aprendemos mais lições para o futuro - o Douro Ultra Trail de 2019 que o diga...


Afinal, o que pode correr mal numa prova?


Bom, tal como não se pode atribuir a queda do Império Romano do Ocidente a uma única causa (a menos que tenha sido culpa dos aliens, talvez o Canal de História tire isso a limpo um dia destes), também uma corrida não irá correr mal apenas por causa de um único funesto pormenor. Especialmente uma prova como uma Meia Maratona, que já começa a exigir que mostremos os nossos galões com alguma dignidade.


Vamos dar uma volta pelo que poderá - ênfase em "poderá" - ter contribuído para um dia que, desportivamente, ficou entre um "chavalo, vai-te esconder!" e um "meh... podia ter sido pior, ainda assim...".



Noites mal dormidas


Apesar de uma irritante tendência para ter o sono interrompido a meio da noite, o que é certo é que a quantidade e qualidade do sono foram suficientes para proporcionar ao corpo tempo para se recompor dos treinos. Nada de errado neste capítulo.



Calçado de corrida


OK, aqui pode residir alguma culpa no cartório. Existe uma miríade de modelos diferentes no mercado, mas a partir de uma certa quilometragem, convém mudarmos mesmo de calçado - por muito que exteriormente ele aparente estar melhor conservado que Vinho do Porto. O problema está no seu interior, onde o material utilizado, nomeadamente no amortecimento, poderá estar já comprometido, o que por sua vez pode levar a lesões.


Os meus estimados Kalenji Kiprun Long, que comprei já lá para os inícios de 2019, já iam com perto de 800 km debaixo dos meus pés, o que poderá ser uma utilização já demasiado extensa. Um "talvez" nesta categoria...



Alimentação - antes e durante a prova


Sejamos francos: corredores amadores não se preocupam (demasiado) com a sua alimentação. O oposto não é necessariamente verdadeiro tampouco: ninguém sai de um rodízio de francesinhas bem regadas com cerveja a pensar "Bem, isto vai fazer mesmo bem para a minha forma física e a minha corrida!".


Só que daí a seguir uma dieta específica, auch... Não rola. Assim, resta seguir no mínimo dos mínimos com algumas regras básicas: cortar nos doces e refrigerantes, privilegiar legumes e salada. Algo que, uns dias melhor outros pior, pelo menos consigo seguir. Comer esparguete à bolonhesa todos os dias também não funciona, creio.


Já na prova, dois géis não foram suficientes para alimentar a máquina - nem a banana e a marmelada no ponto de abastecimento. Meu Deus, onde foram parar as minhas reservas de glicose, onde?! Mistério...



Treino - variedade!


Vais fazer um Trail? Treina em trilhos e terra batida! Vais fazer uma Meia Maratona? Treina em asfalto! Queres baixar o teu tempo numa determinada distância? Adapta o teu plano de treino para essa marca!


Mea culpa, para uma prova a 13 de Junho só comecei a treinar a sério no início de Maio, com muito pouco treino antes disso. E a memória muscular não faz milagres. Portanto, treino suficiente? Não, não tive. Contudo, foram semanas de bons treinos, com evolução notória, e diversificados - speed runs, tempo runs, e... alguns (alguns) longões. E meus caros e caras, ir para uma distância longa sem fazer bastantes longões, é meio caminho andado para algo não correr lá muito bem.


Outra coisa neste capítulo que pode ter contribuído e bem para o insucesso: treinar à mesma hora - e temperatura - que a da prova. Acusei e muito o calor - mas muito mesmo. Contudo, para quem trabalha das 9 às 18:30, fica difícil simular um treino no final da manhã...



Que mais, mesmo?...


Testei coisas novas no próprio dia da prova? Por quem me tomam, nunca na vida fiz isso (cof, cof, cof...). Aqueci e alonguei antes da prova? Pouquinho, mas já tive menos aquecimento com melhores provas do que isto. Arranquei demasiado forte? Nem por isso, deixei-me estar calmamente lá para trás, mais ou menos no meu ritmo.


Então, fiz algo assim tão escandalosamente flagrante para deitar abaixo uma prova de forma tão clamorosa? Não. Algumas falhas no treino, e that's it.


Às vezes não é mesmo o nosso dia. Mas, agora já a treinar para a Meia Maratona de Vila Real a 12 de Setembro, algumas lições ficaram apreendidas. O tempo dirá se compensarão.

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