Défice de atenção
- Daniel Conde

- há 4 horas
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O Presidente da Câmara Municipal de Chaves, Nuno Vaz, aproveitou a passagem do Ministro das Infraestruturas pelo marco zero da N2 para lhe afirmar que “nós precisamos, verdadeiramente, de estar no mapa da ferrovia nacional”.
Folgo em sabê-lo, e louvo este súbito acordar atrasado para o tema, mesmo que a reboque dos holofotes da comunicação social trazidos por Miguel Pinto Luz – a quem dirijo também uma palavra de apreço pela iniciativa, pois quem em Março diz que a Linha do Douro “não é prioritária para o Governo”, e em Setembro já diz o seu contrário, é porque precisa mesmo de vir ao terreno inteirar-se do que, em teoria, tutela.
Contudo, tal leva-me a questionar onde andou Nuno Vaz nos últimos três anos, para só agora se ter lembrado deste tema. É que, desde 2022 a esta data, não respondeu a um único das dezenas de emails e telefonemas que lhe dirigi a respeito da Linha do Corgo.
Quando em Novembro de 2022 foi publicado o Plano Ferroviário Nacional, o qual inclui categoricamente a totalidade da Linha do Corgo para estudo de reabertura, (leia-se, da Régua até Chaves) estranhei, com o passar dos dias, o pesado silêncio que vinha das autarquias locais sobre o tema. Portanto, durante os meses seguintes, contactei insistentemente todas as cinco câmaras municipais servidas por esta via, com uma pergunta simples: defende a Reabertura da Linha do Corgo?
A esta pergunta tão simples, e após emails atrás de emails, telefonemas atrás de telefonemas, Nuno Vaz não disse uma única palavra.
Chegados a 2024, e lancei a Petição pela Reabertura da Linha do Corgo, para a qual, a partir de Outubro, solicitei, através de inúmeros emails e telefonemas, a ajuda de todas as autarquias directamente atravessadas por esta via estratégica – Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia – para apoio na divulgação e recolha de assinaturas.
No concelho de Chaves em particular, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, e a União de Freguesias de Vidago, responderam ao apelo, tendo divulgado a Petição pelos seus canais, e disponibilizado uma versão em papel para que os cidadãos pudessem assinar nas suas instalações. A mais este apelo, em dezenas de emails e telefonemas, Nuno Vaz entrou mudo e saiu calado, fazendo com que o município de Chaves tivesse colaborado em ZERO para uma Petição que, neste momento, está em discussão na Comissão Parlamentar de Infraestruturas e Mobilidade, com mais de 1000 assinaturas recolhidas, para que esta cidade… volte a estar no mapa da ferrovia nacional.
Finalmente, na última campanha eleitoral para as eleições autárquicas, não me lembro de ter ouvido Nuno Vaz, nem lido nas propostas que apresentou, uma única menção à Reabertura da Linha do Corgo, ao contrário de alguns dos seus adversários nas eleições – apena sobre a ciclovia que ocupa o canal ferroviário da Linha do Corgo, porque se há infraestrutura e serviço público (?) que vai melhorar a Mobilidade dos cidadãos e das empresas em Chaves, é uma pista para andar a pé ou de bicicleta.
Abordei todas as distritais partidárias nesta campanha eleitoral, com um conjunto de perguntas sobre a Reabertura da Linha do Corgo; várias responderam – mas, adivinharam: Nuno Vaz não respondeu nem uma nem duas.
Finalizo com uma questão, já que Nuno Vaz mencionou a Miguel Pinto Luz a proximidade da estação de Alta Velocidade d'A Gudiña: o que impediu, até a este momento, os municípios da eurocidade Chaves-Verín de terem estabelecido uma carreira regular directa entre estas cidades e esta estação, ajustada aos horários dos comboios que diariamente ligam a Galiza a Madrid?
Oxalá mais ministros passem por Chaves nos próximos tempos, para aguçar a iniciativa de Nuno Vaz; de contrário, vão ser mais quatro anos bem pouco produtivos pela antiga cidade dos Flávios.
Daniel Conde
Via Estreita
Vila Real, 23 de Outubro de 2025











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