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Linha do Corgo a Saque - Vila Real


Canal ferroviário apontado para reabertura a ser ocupado por uma ciclovia - estação de Vila Real, Linha do Corgo.

Depois de um primeiro alerta dirigido ao Presidente da Assembleia Municipal de Vila Real, e de uma reunião posterior com o próprio, enviei a missiva pedida pelo próprio, que reproduzo abaixo.



Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal de Vila Real;

No seguimento do meu email do passado dia 27 de Fevereiro, e da nossa reunião no edifício da Câmara Municipal de Vila Real no passado dia 2 de Março, remeto conforme combinado mais informações a respeito da Linha do Corgo.


Parte I - Plano Ferroviário Nacional prevê a REABERTURA integral da Linha do Corgo


No documento acessível em https://pfn.gov.pt/wp-content/uploads/2022/11/plano-ferroviario-nacional-20221117.pdf, poderá comprovar nas páginas 39, 69, e 70, e ainda no documento acessível em https://pfn.gov.pt/wp-content/uploads/2022/11/mapas-pfn-20221117.pdf, nas páginas 4 e 44, que o Plano Ferroviário Nacional incluiu nas suas propostas a reabertura integral da Linha do Corgo, desde a Régua a Chaves, frisando o potencial turístico do troço Régua - Vila Real.


Ainda que este "potencial turístico", bem como as reservas a respeito dos tempos de viagem e utilização Regional sejam flagrantemente observações enviesadas e ligeiras, já que nem sequer atestaram o óbvio potencial turístico do eixo Pedras Salgadas - Vidago - Chaves no domínio do termalismo, nem sequer consideram que troços ferroviários também podem ser corrigidos e modernizados (como aliás tem acontecido na nossa própria rede ferroviária nacional nos últimos 20 anos, com correcções de traçado nas Linhas do Norte, Douro, Minho, Beira Alta, Sul e Ramal de Évora), o PNF é categórico: a Linha do Corgo é para ser reaberta.


Recordo que estes documentos foram publicados em Novembro de 2022, e que resultam da compilação de centenas de propostas enviadas em sede de consulta pública pela sociedade portuguesa em 2021. São documentos produzidos pelos cidadãos portugueses, e validados pelo Governo Constitucional em funções. Em Janeiro e Fevereiro de 2023, esta versão foi novamente a consulta pública, da qual resultaram o envio de mais de 600 propostas de cidadãos nacionais - ultrapassando no dobro os contributos enviados na primeira fase de consulta pública - atestando bem o interesse de toda a sociedade portuguesa nesta matéria.


Parte II - Atropelo da Câmara Municipal de Vila Real ao Plano Ferroviário Nacional

Não obstante o valor do Plano Ferroviário Nacional, e do seu anúncio público em Novembro de 2022, a autarquia de Vila Real nada disse sobre a inclusão da Linha do Corgo para reabertura.


Abordada a 5 de Dezembro, numa comunicação que enviei a todos os autarcas de Câmara Municipal e de Junta de Freguesia, cujos territórios são atravessados directamente pela Linha do Corgo, fazendo a pergunta simples mas objectiva se "é a favor da reabertura da Linha do Corgo?", a autarquia de Vila Real nada disse.


Em Fevereiro, fui alertado por um cidadão local que decorriam obras para a construção de uma ciclovia dentro da estação de Vila Real. Deslocando-me ao local, pude documentar, como poderá ver em detalhe na minha página dedicada à defesa das Vias Estreitas do Douro em https://www.facebook.com/viaestreita/posts/pfbid04dT8qU5pDYTmcRvxDWmrsPKjD68UmeufZ54kTu5bDx5rJKJ6TrLGkxE1SabSGC1Ql, que o canal ferroviário foi ocupado com uma faixa de dois metros de largura por uma pista que levará paralelos e material betuminoso, ocupando ainda de forma risível a rotunda das locomotivas.

Para além desta ocupação, foi ainda demolido um edifício - a "Casa do Chefe de Estação" - e o pontão ferroviário situado num dos extremos da estação viu os seus corrimões serem arrancados, e em seu lugar instaladas grossas lajes de granito. Sublinho aqui que, mesmo em obras similares em Portugal - ocupação de canal ferroviário para ciclovias - as pontes existentes vêm obras de reforço de segurança para a circulação de peões, geralmente adicionando gradeamento, e não substituindo os elementos existentes por espessas lajes de granito!

Isto é de um arrepio anti democrático flagrante e gravíssimo. Não estamos a falar de obras executadas antes do anúncio público do Plano Ferroviário Nacional: estamos a falar de obras feitas sem critério estético, atropelando e destruindo património industrial secular, instalando equipamentos que impactam negativamente a reinstalação da via férrea, e extravasando custos sem nada que o justifique.

Esta obra deveria parar imediatamente, como o mais elementar bom senso ditará, uma vez que esta via férrea está apontada, ao mais alto nível para reabertura.

Parte III - Estudo de reabertura da Linha do Corgo Como lhe dei conhecimento, elaborei um estudo de reabertura da Linha do Corgo, detalhando custos de reabertura, e ainda custos e proveitos de exploração. Estas contas estão alicerçadas na minha própria experiência enquanto Assessor de Gestão do Metropolitano Ligeiro de Mirandela, numa exploração com enormes semelhanças às da Linha do Corgo. Durante dois mandatos inteiros do actual Presidente da Câmara Municipal de Vila Real, solicitei-lhe uma reunião para lhe apresentar este estudo; tal reunião NUNCA me foi concedida. Este estudo encontra-se publicado numa série de vídeos que criei para a reabertura da Linha do Corgo. O vídeo dedicado aos custos de reabertura encontra-se em https://www.youtube.com/watch?v=TIMLsNovhh8, e o dos custos e proveitos de exploração em https://www.youtube.com/watch?v=yRJ2P5D6VSQ&t=3s. O mesmo autarca que ignora ostensivamente durante oito anos um seu munícipe com um estudo de reabertura da Linha do Corgo, e que ocupa sofregamente canal desta via férrea mesmo após o Governo da República Portuguesa anunciar a sua intenção de reabri-la, é aquele que exige publicamente a construção de uma nova linha com custos estratosféricos, usando como argumento único em sua defesa que, e citando o próprio, também ninguém acreditava na construção do túnel do Marão. ---///--- Solicito assim a V. Exa. que diligencie a distribuição desta informação, e que a mesma seja discutida ao mais alto nível na Assembleia Municipal desta desventurada cidade. Mais uma vez grato pela atenção; Daniel Conde

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