top of page
Foto do escritorDaniel Conde

Oh boy, we are f*cked...

Ministro das Infraestruturas - Miguel Pinto Luz
Ministro das Infraestruturas - Miguel Pinto Luz

Tenho feito um genuíno esforço por me distanciar de notícias da ferrovia, do activismo ferroviário, e quejandos. Porém, não pude deixar de ser presenteado com um ou outro sinal do "Universo" de que algo de problemático caiu em cima da ferrovia nacional de novo...


Indo directo ao assunto, falo do novo Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz. O que realmente me chamou a atenção foi o dia em que este responsável político de topo declarou, claro como água, que é intenção do Estado Português castrar a sua própria operadora ferroviária, a CP, no que diz respeito ao futuro serviço de Alta Velocidade em Portugal.


Mesmo para quem não esteja à vontade dentro do tema, tentem imaginar uma RENFE (Espanha), uma SNCF (França), uma DB (Alemanha), ou mesmo uma FS (Itália) a verem a sua expectativa de compra de uma frota de comboios de Alta Velocidade levar uma machadada por parte do seu próprio Ministro da tutela. Algumas companhias estas que operam inclusivamente serviços internacionais, moldando de forma histórica o panorama competitivo sobre carris na Europa.


Mas Portugal não fica na Europa; não NESTA Europa, onde os Estados defendem o transporte público ferroviário, com diferentes graus de sucesso, mas defendem. E por defender, não é só nos Power Points das polidas e higiénicas apresentações públicas, antes de passarmos ao próximo produto do dia, enquanto se alimenta com boçalidade histérica mais ciclovias em leito ferroviário, ou se acende o rastilho para mais metrobuses em locais onde existia ferrovia. É o planeamento estratégico, desde um aprofundado sentido de rede integrada dentro e fora da ferrovia, passando pela canalização de fundos europeus para projectos que efectivamente geram desenvolvimento sustentável, e acabando numa responsabilização sobre a gestão feita.


Em Portugal, o Estado asfixia a sua própria operadora, abrindo as portas a operadores privados (because Direita, right?), ou mesmo a operadores públicos desde que sejam estrangeiros. Mas muito para além da CP, que teve um vislumbre de céu azul e sol radioso durante a regência de Pedro Nuno Santos, o monstro intocável da ferrovia portuguesa é e continua a ser a Infraestruturas de Portugal.


Não consigo conceber num outro país do Ocidente europeu um tão livre grau de impunidade sobre a gestão (?) caótica da infraestrutura ferroviária, como tem a IP. Praticamente todo o Ferrovia 2020 está meses, anos, atrasado. Fazendo zoom, as Linhas da Beira Alta, Oeste e Algarve são casos gritantes de eixos que ou são ou deveriam ser estruturantes, num descontraído laissez faire laissez passer onde o optimismo de intervencionar de raiz centenas de km de ferrovia ao mesmo tempo se equipara à leveza de espírito de preparar um piquenique no parque da cidade.


Os resultados estão à vista, onde o compromisso com calendários é nulo, e a tudo isto a tutela ministerial assobia jovialmente para o lado. Aliás, até ajudou recentemente à baderna, anunciando pressurosamente um passe ferroviário nacional que serviria tudo e todos, mas que afinal já não serve os Rápidos, e que afinal já não serve as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, e que afinal...


Quando reabre a LBA, essa artéria principal de ligação internacional ferroviária?

Ninguém sabe.

Quando reabre o Oeste, que serve uma vasta área costeira, populosa e com indústria pelo caminho, servindo directamente duas capitais de distrito e alternativa directa a alguns serviços da Linha do Norte?

Ninguém sabe.


Quando se electrifica de vez o Algarve... perdão, o famoso ALLgarve, com uma linha que corre TODA a orla costeira?

Ninguém sabe.


Porque é que o calendário de electrificação do troço Régua - Pocinho (70 km) na Linha do Douro leva tanto tempo que dá uma média de UM POSTE de catenária... por DIA?!?!?!

Ninguém sabe.


Onde pára a discussão do histórico Plano Ferroviário Nacional?

Ninguém sabe.


Não há como dourar a pílula: enquanto durar a vigência deste Ministro e deste Governo, a nossa ferrovia está novamente, e irrevogavelmente, f*dida.

59 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page